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Nascimento de Nicolas é um marco para a obstetrícia mundial

O caso do pequeno paciente foi o primeiro no mundo com a técnica da transposição uterina.

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Uma visita da ginecologista e obstetra Maria Cristina Barcellos Anselmi a sua esteticista é o inusitado início de uma história de impacto para a obstetrícia mundial.

A partir daquele dia, também a vida da paciente Carem dos Santos Neves, a Cacá, tomou um rumo inesperado, com momentos difíceis – a descoberta de um câncer no músculo da pelve – ao improvável desfecho feliz do nascimento de Nicolas, o primeiro bebê nascido no mundo fruto de uma gestação plena depois de um tratamento oncológico desta natureza.

Ao comentar com a dra. Maria Cristina um incômodo que sentia no abdômen, Carem iniciou uma investigação que levou ao diagnóstico de câncer no músculo da pelve, o que inicialmente indicava, com os tratamentos oncológicos convencionais, um quadro de potencial infertilidade ao final deste processo. Entretanto, um novo tipo de tratamento, fruto de uma longa pesquisa conduzida pelo cirurgião oncológico Reitan Ribeiro, do Hospital Erasto Gaertner, em Curitiba, mudou o rumo desta história.

Nessa nova técnica, antes do tratamento de cânceres como o de Carem é feita a chamada transposição uterina, ou seja, o deslocamento e fixação cirúrgica do útero e ovários na parte superior do abdômen, permitindo as aplicações radioterápicas na parte inferior do abdômen mantendo a integridade e função dos órgãos do aparelho reprodutor, preservando a capacidade reprodutiva para uma gestação futura. Ao final do tratamento radioterápico, os órgãos são recolocados nos seus locais e as mulheres estão aptas a engravidarem.

“Até então, tínhamos todos os indicativos teóricos de que a esta nova técnica poderia representar uma nova esperança para as mulheres acometidas por cânceres na região do aparelho reprodutor, e a realidade é que o nascimento do Nicolas materializou nossas expectativas”, comemora dr. Reitan.

“Ao realizarmos o parto, chegamos a nos surpreender com o nível de integridade do útero, o que demonstra a preservação do órgão mesmo após o tratamento radioterápico”, destaca o obstetra Rodrigo Cardoso, coordenador da equipe responsável pela cesariana. “Naturalmente tínhamos algumas preocupações a mais com a Carem, especialmente pelo ineditismo do parto e por outras condições clínicas, mas tivemos um resultado muito positivo”, conclui.

Para a dra. Maria Cristina, responsável pelo diagnóstico da paciente e encaminhamento do tratamento, coordenado pelo dr. Dr Pio Furtado, da equipe de cirurgia oncológica da Santa Casa, “temos a certeza de que este é um grande avanço para a ciência e, particularmente, um marco para a Carem e para a obstetrícia mundial”.

Mesmo realizando em torno de cinco mil partos ao ano em sua unidade obstétrica, esta também foi uma experiência única para a Santa Casa, afirma a coordenadora médica corporativa de assistência materno-fetal, dra. Janete Vettorazzi. “Numa instituição que tem o humanismo no centro de seus processos assistenciais, viver um caso clínico marcante como este é motivo de orgulho para todos nós. Não só pelo resultado final quanto pelas inúmeras conquistas alcançadas, seja pela paciente, médicos, instituição e pela própria ciência, que teve um importante avanço diante dos nossos olhos”, ressalta com orgulho.

Em razão do seu pioneirismo e nível de inovação, a pesquisa desenvolvida pelo dr. Reitan Ribeiro terá os dados apresentados em um dos maiores congressos de oncologia do mundo e, em breve, publicados. E certamente reconhecida como um grande avanço para a obstetrícia mundial.

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